sexta-feira, 20 de maio de 2011

ADVOGADO BOM É ADVOGADO MORTO!

Esse texto é de autoria de nosso colega Raul, o qual não poderá colar grau com nossa turma pois já colou grau em outra faculdade (onde fez apenas o ultimo período mas os demais períodos estava em nossa turma). O texto abaixo foi feito com o intuito de ser lido como orador no dia da formatura, mas infelizmente a instituição não permitiu, fazendo com que restasse apenas o texto do nobre colega.
Apesar de tudo estamos muito bem representados pelo colega Dalmi, que fez um lindo texto e foi escolhido como o orador da turma (o texto será disponibilizado após a colação aqui no blog)
Segue então, o texto do colega Raul...


ADVOGADO BOM É ADVOGADO MORTO!


Foi com esta pérola que um “amigo” um dia me felicitou quando a ele eu informara minha aprovação no vestibular e a efetivação de minha matrícula para eu freqüentar regularmente o curso de Direito na PUC.
Esta deveria ter sido encarada como uma simples grosseria, uma indelicadeza qualquer e ser condenada ao esquecimento.
Contudo, esta frase me acompanhou durante os cinco anos de faculdade, pois eu sempre me lembrava dela e pensava:
“Por que uma profissão tão nobre, pelo menos na teoria já que a prática eu ainda não vivenciara, é na nossa sociedade admirada por alguns e tão atacada por tantos?”
E ao me fazer este questionamento, outro pensamento sempre me vinha e este sim digno de ser repetido à exaustão, posto que, de autoria de um dos mais valorosos juristas que este pais já conheceu.
No início do século passado Rui Barbosa em um de seus magníficos discursos sacramentou:
“De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.”
Daí, temos que a preocupação com a violação de princípios como honra, justiça e honestidade não é coisa de nossos modernos tempos, esse fenômeno já nos acompanha desde a época do descobrimento, o que fez do Brasil o país do jeitinho onde o importante é levar vantagem sempre.
Ora, e se somos assim, tão, digamos “descuidados” com estas questões, porque é que nós, enquanto sociedade, julgamo-nos no direito de nutrir expectativas de que o próximo haja sempre de forma diferente?
Médicos, advogados, engenheiros, balconistas, administradores, professores e até mesmo políticos, nada mais são do que frutos do meio. Logo, uma sociedade que tem como praxe não devolver o troco da padaria que é dado à maior por engano, sonegar impostos, oferecer uma “cervejinha” para o agente de trânsito aliviar a incômoda multa, etc, não deveria em sã consciência, esperar que profissionais ou personalidades oriundos deste mesmo meio agissem de outra forma.
Nos bancos acadêmicos aprendemos a melhor prática da profissão, a honrar nosso juramento, a respeitar a ética profissional e o código de conduta da classe, mas honestidade, honra, respeito ao próximo e senso de justiça, são primados que compõem a educação que trazemos de berço, isso não se aprende na escola ou nas faculdades, aprende-se em casa!
O Dalai Lama já disse:
 “As crianças aprendem muito mais com olhos do que com os ouvidos”.
Ou seja, devemos muito mais no preocupar em educar nossos filhos com bons exemplos do que com bons discursos!
Portanto, o apelo é de que todos nós reflitamos e busquemos melhorar nossas atitudes, pois somente a mudança de hábitos de cada um de nós pode construir uma sociedade melhor no futuro e digna de exigir de seus representantes comportamentos exemplares.
Quanto a nós, recém graduados bacharéis prestes a ingressar neste tão admirável universo, que em síntese é o de promover a justiça, já que, juízes, promotores, procuradores, delegados, advogados, enfim todos os operadores do Direito devem trazer na essência de suas formações a busca incessante pela justiça; quando formos perguntados sobre qual será a nossa contribuição para a categoria, não havemos de buscar uma resposta aprimorada e repleta de inovações técnicas inócuas ou inviáveis, não há necessidade de surgirmos com soluções mirabolantes para os graves problemas da política carcerária ou da falta de celeridade processual.
Basta que respondamos que na busca pela justiça, trabalharemos sempre de forma competente e honesta, pois agindo assim estaremos contribuindo para que num futuro próximo ninguém mais diga que advogado bom é advogado morto, mas sim, que advogado bom, é o meu!
Obrigado. 
Raul Avelino Francisco Jr.

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